quarta-feira, 23 de março de 2011

Poesia da vida

Urubu do ver-o-peso II

Quem o convidou foi seu primo marajoara.
- Lá a comida é de primeira, tudo é fartura!
Morrem no verão os búfalos, tamanha terra dura
E os peixes, já não escutam o canto da “uiara”.

- Seu lugar deve ser um lugar muito agradável!
- Diria que é um paraíso urubuzino formidável!
- Até lá, qual distância seria? Pode ser mensurável?
- Não te preocupes, sou companhia amigável.

O vaqueiro observando uma vaca atolado à beira do lago,
É o primeiro sinal que chegaram à morada do primo.
Mais a frente outro animal fraco, arregala os olhos
Ao perceber que alguns urubus jogam pôquer ao seu lado
Como se soubessem a hora do fim, por Deus dado

Carne e mais carne. - Que tanta fartura é essa?
- Coma devagar primo! Calma! Não tenha pressa!

Dias. Meses se passaram, mas ele não estava alegre.
Tinha um vazio existencial dentro da alma.
- O que foi primo? Não gostaste da linda paisagem?
- Sabe o que é, primo! Aqui se come muito, tem muita calma!
Mas vou volto hoje pro ver-o-peso, gosto mesmo é da sacanagem.

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