sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Poesia da vida

Para quem quer aprender

Ler é bom
como a água
é boa.

Escrever?
É igual
descer rio!

Descer rio?
é beber
o escrito!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Outras Histórias Marajoaras

Outra história de boto

Imaginem a vida dos ribeirinhos marajoaras há mais ou menos meio século atrás. É, com certeza, igualzinho como nos dias atuais. Eles vivem a mesma tranquilidade, as mesmas dificuldades, as mesmas crenças, as mesmas histórias do imaginário amazônico, com: a do boto, a da cobra-grande, a do toco, a da iara e outras. Não pensem que essa gente parou no tempo, é que isso está enraizado em nossa cultura e já faz parte de nossas vidas, mesmo com a chegada da televisão, celulares e internet.
Por falar no imaginário amazônico lembrei-me de uma história que meu pai, assim como minha mãe, legítimos representantes do povo ribeirinho aqui do Marajó, me contou.
Tio Cristo e tia Mada eram recém-casados foram cortar seringa “lá pras bandas” do Rio Araticu, localidade do Município de Oeiras do Pará. Vida de “caboco marajoara” que vive da seringa não é nada fácil, morar no meio do mato, num “tapiri” – cabana coberta de palha e assoalhada com ribas feitas de açaizeiro, cercado de perigo por todo o lado, isolado de tudo e todos –, remar horas para se deslocar de um lugar para vender a produção de borracha. Acredito que poucos se aventurariam a tal situação. Mas o casal aceitou o desafio.  Levaram seu segundo filho, já que a  primeira falecera, e alguns poucos pertences.
Chegaram ao tapiri onde iriam passar um bom tempo, com esperança de fazer economia para comprar uma casa na cidade e criar dignamente seu filho e outros que viriam. Defrontaram-se com as dificuldades daquele árduo serviço, porém não desanimaram.
No dia seguinte Tio Cristo foi limpar a estrada a qual iriam trabalhar. Eram mais ou menos umas cinquenta árvores de seringa. Uma estrada sem nenhuma lógica, que cortava o mato em todas as direções, mas que tinha início, meio e fim. Foram necessários vários dias de limpeza a facão para poder, então, começar definitivamente a extrair o látex, cujo valor era altíssimo naquela época, valia ouro, para os donos dos seringais, não para os seringueiros.
Tia Mada ficava cuidando do seu rebento, limpando o terreno em volta do tapiri, pescando as margens do rio que banhava aquele lugar encantador durante o dia e assustador durante a noite.
Passaram-se alguns dias até as dificuldades aparecerem. A primeira delas a que mais nos interessa. Foi num dia em que o casal teve que se separar por falta de um elemento essencial na comida de bom marajoara e de todos os paraenses: a farinha d’água. Como tudo ali era distante, Tio Cristo teve que se deslocar a um lugar longe de onde estavam, onde funcionava uma pequena mercearia do patrão. Eram necessárias algumas horas de remo até esse vilarejo. Tinha que sair bem cedo para não perder o horário da volta, porque andar de noite no rio era muito perigoso. Tia Mada ficou receosa com o que podia acontecer na ausência de seu marido. Podia chegar alguém desconhecido, aparecer uma cobra-grande e “mundiar” os dois e engoli-los de uma só vez. Tudo isso passava pela sua cabeça e recomendou:
- Olha Cristovão, se não tiver farinha lá, vem te borá!
- Larga de medo! Aqui não aparece nada! Ponderou o marido.
- Eu é que não quero pagar pra ver! E foi se benzendo.
Então ele saiu para a viagem. Chegando lá perguntou se tinham farinha. Responderam-lhe que estavam se preparando para fazer. Tinham mandioca-mole, mas não tinham a mandioca crua.  Para quem nunca ouviu falar, a farinha d’água se faz juntando a mandioca que é colocada de molho até ficar mole, daí o nome, com aquela tirada na hora, que é limpa e ralada num catitu, um instrumento manual que serve para tritura a raiz da mandioca. Logo após, se junta as duas massas, até obter outra bem homogênea, colocando em seguida no tipiti para ser espremida e depois torrada.
Tio Cristo ficou cismado, pois havia uma boa quantidade de homens no barracão da farinha, mas não quis indagar. Perguntou onde era a roça e lhes indicaram o caminho. Foi. Chegou ao lugar e antes de entrar na plantação se benzeu, rezou uma simples oração e entrou.  Arrancou e colocou as raízes no mundé. Levou a primeira “carrada”, voltou e levou a segunda. Enquanto isso as horas iam se passando rapidamente e a sua esposa ficava preocupada lá no tapiri.
Cumprida a tarefa, começaram a descascar a mandioca sempre numa conversa amigável, como se fossem conhecidos de muito tempo. Lá pelas tantas, depois de umas boas cipoadas de aguardente, Tio Cristo foi indagado:
- Mas homi, tu tem espírito que te protege! Perguntou um dos moradores daquele lugar.
- Por quê?! Respondeu perguntando.
- Não rapaz, é que hoje se não fosse tu agente não ia comer farinha.
- Por que já, enton?
- É que quando a gente ia tirar a mandioca esse ai – apontando para um dos companheiros – arremedou uma aianga e não prestou mais, apareceu um pinto pelado que começou a varrer o fogo que ficava acesso em um barracão e começou a engolir os pedaços de brasa e foi tapa em todo mundo. Saímos de lá debaixo de peia!
- Mas foi rapaz! Olha, eu toda vez que entro num lugar que não conheço rezo o oficio de Nossa Senhora!
- Oficio de Nossa Senhora!
- É! Não tem visagem que goste de ouvir essa reza!
- Ah!  Tá explicado!
E assim a conversa foi se desenrolando, o trabalho sendo feito e o tempo foi correndo. Já era noite – umas sete horas – quando Tio Cristo saiu de lá. Pensava em como estava sua esposa. Devia está se tremendo de medo. Ô mulhezinha que tem medo de tudo. Ia remando e pensando.
Chegou ao tapiri. Encostou o casco na ponte e gritou para a mulher:
- Ei Maria!
Tia Mada ficou calada lá dentro. Sabia de todas as histórias de boto e sabia principalmente que quando ouve alguém chamar seu nome da beira do rio não se pode responder de primeira, pode ser o boto, que transformado em homem salta e seduz a mulher que responde. Tem-se que esperar ele chamar três vezes. Foi o que fez.
Tio Cristo chamou a segunda:
- Ei Maria!
Chamou a terceira. E só na quarta que obteve uma resposta:
- É tu Cristovão:
- Claro! Pensava que era quem! Respondeu o marido muito injuriado.
- O boto!
- Deixa de tolice e vem me ajudar com a farinha!
- Eu te disse que se não tivesse farinha era pra tu vir embora logo.
- Para com isso mulher! Num tá aqui a farinha! Vamo entrar que é.
Passados alguns minutos ouviram o barulho de alguém chegando ao porto, e logo gritando:
- Ei Maria!
Foi um espanto total. Quem seria àquela hora? Quem é? E foi saído o marido.
Então, ouviu-se um barulho de alguém caído na água. Tio Cristo queria ir  lá na beira da ponte ver quem era, mas a mulher não o deixou temendo alguma coisa. Eu vou lá, deixa eu ir lá, ver o que isso mulher!
- Não Cristovão deixa pra de manhã! E assim foi.
De manhã bem cedo foram ver de que tratava. Chegado ao porto avistaram uma outra motaria e dentro da mesma um chapéu e uma roupa branca.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Poesia da vida

Meu Maior Sonho

Tenho um sonho!
Que é ter muitos sonhos!
Pois sonhar é preciso.
Motiva nossa vida
E a cada dia-a-dia
O sonho se constrói.
Ás vezes me destrói,
Mas continuo a sonhar
E a reconstruir o meu lar.

Por isso sonho tudo que espero,
Sonho bem alto e com muita fé,
Sonho tudo, tudo o que quero,
Mas sinto o chão debaixo de meu pé.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

“Bomba no senado! Bomba no Planalto! Bomba em quem vier! Bomba no teu pé!”


É com esse trecho de uma música minha que quero falar com vocês, caros amigos. Nós trabalhadores somos palhaços mesmos. Deixamos que nossos representantes pisem em nossa dignidade,  em nossas esperanças de termos um país sem miseráveis, sem desigualdade social, sem analfabetos. Concordamos, inertes, com os abusos dos nossos políticos. Hoje mesmo a Câmara aprovou o aumento de 61,83% para os próprios parlamentares, de 133,96% para o presidente e de 148,63% no salário do vice-presidente e dos ministros de Estado, igualando em R$ 26.723,13 os salários dos deputados, dos senadores, do presidente da República, do vice e dos ministros do Executivo. Besteira perto de R$ 538,15 .Vocês se lembram o que o Tiririca falou em campanha? Que ele ia ajudar todo mundo, principalmente a família dele! É pura verdade! Mas só que ele teve coragem de dizer, e os outros não, o que realmente eles fazem lá, pensam em si mesmos e naqueles “assessurubus” que os rodeiam. Não estou defendo o palhaço mais votado do Brasil, até porque soube pelos jornais que sua prioridade será a educação. “É muita brincadeira pra pouca gente!”. Temos que tomar providências antes que eles nos matem de fome e de raiva.
A cara dos trabalhadores brasileiros!

Olha a alegria de nossos políticos!